quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Indo eu, indo eu a Caminho de... Santiago #14 - O ensaio Geral

Antes do espectáculo nada como fazer um ensaio geral com público e tudo. Vai daí, fiquei muito contente quando, a cerca de duas semanas da partida, a Inês me enviou um email a desafiar-me para uma caminhada organizada - pois que seria um bom treino, com certeza. Pessoalmente há já uns dias que andava na ronha sem mexer o rabo para nada, farta que estava de praticar tão intensa actividade sozinha. Por isso a ideia pareceu-me excelente.
Calçamos as nossas meias e botas, carregamos as mochilas com o saco-cama, protector solar, água e meia dúzia de mantimentos, sacamos dos nossos recém adquiridos bastões de caminhada (um para cada uma) e lá fomos nós, rumo à Serra do Risco, algures na Arrábida.

O programa, organizado pela GreenTrekker, uma empresa super cool que promove caminhadas por este mundo afora e por este Portugal adentro, consistia num percurso de cerca de 15 km com nível de dificuldade 4 em 5 - detalhe que provocou o surgimento imediato de temerosas imagens de escarpas aguçadas e precipícios instáveis (aventuras para as quais tenho propensão zero) e me deixou um bocadinho enervada.
Seríamos 15 com encontro marcado para as 10 da manhã num café algures na Serra e regresso previsto para as 16.30h. Como a minha experiência, pouco vasta é certo, mas suficiente, me indicava que 15 km se fazem na boa em 3 horas, 3 horas e meia vá, a duração estimada de mais de 6 horas adicionou alguma agitação ao meu já perturbado intestino, forçando-me a aplacá-lo no simpático lavabo do pequeno café de onde partimos com cerca de 15 minutos de atraso.
O começo foi fácil, estrada de alcatrão seguida de estradões em terra, tudo simples e inofensivo com belas vistas e companheiros simpáticos.
Passados uns quilómetros paramos para um chá gentilmente oferecido pelo Miguel, o monitor, que nos avisou que a partir dali é que a coisa apertava, pois seguiríamos pelo meio de carrascos (planta cuja surpreendente agressividade explica o nome dado à profissão e talvez à Serra) sobre uma laje inclinada e um pouco escorregadia. Aí agitaram-se-me outra vez os nervos mas à falta de local apropriado para os acalmar optei por pensar noutra coisa e seguir atrás do homem.
Apesar de agressivo, quase sem trilho, o caminho fez-se bem - só nos aproximamos de falésias abruptas quando quisemos tirar fotografias - e até terminamos mais cedo que a hora prevista.
As botas e meias cumpriram o seu propósito na perfeição - protegendo os pés e tornozelos e evitando as escorregadelas - e as calças (que só levamos porque perguntamos se era suposto, caso contrário os planeados calções ter-se-iam revelado trágicos) protegeram-nos bem as pernas. O chapéu foi uma má opção porque os furinhos deixam passar muito sol, mas a aba larga foi útil a proteger esta minha carinha que se pretende, ainda que por pouco tempo, laroca. A t-shirt teve nota 10. A mochila, apesar de demasiado volumosa para atravessar a mata de carrascos, portou-se muito bem em todos os outros sentidos, mas o bastão foi mais um empecilho que uma ajuda, até porque a certa altura eu pendurei-o na mochila, que tem um suporte próprio, e passava o tempo a pender-se nos arbustos e a puxar-me para trás.
O Miguel, que já fez o Caminho de Santiago não sei quantas vezes, explicou-nos que para caminhadas grandes como a que vamos fazer é melhor levar dois bastões. Além de ajudarem nas subidas e descidas, quando bem utilizados também ajudam nas rectas e ainda evitam o inchaço das mãos, que a mim tanto acontece.
Registado.
Resumindo, ensaio geral superado. Estamos prontas.
A bela paisagem

o raio do carrasco

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