segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Indo eu,indo eu a Caminho de...Santiago #2 - Tudo começa nos pés- As Botas

Nunca viajei sozinha, aí está o primeiro desafio, mas não imaginava que a primeira vez seria no meio das montanhas a fazer trilhos a pé. Confesso que a ideia me assustava um bocado por ser um erro tremendo. Devo ser a pessoa mais desorientada do planeta, donde, meter-me a fazer uma viagem em que tudo o que preciso é de ser capaz de me orientar pareceu-me parvo, mas estava decidida.  Só precisava de me preparar, de saber com o que é que contava, que tudo correria bem. E lá fui eu pesquisar a internet em busca de informação.
De facto na Internet encontra-se tudo e, sobre este tema específico então, a informação disponível é infinita - ou pelo menos parece. Há blogs, sites e foruns em todos os idiomas, é só escolher.
Cruzei informação entre vários e descobri que antes das questões da orientação, o mais importante para se fazer uma caminhada desta natureza é o calçado. Serão muitos dias por montes e vales montados em cima dos pés, convém mantê-los sãos, confortáveis, seguros e secos. Dada a instabilidade atmosférica tipica da Galiza e a diversidade de terrenos que teria pela frente, a conclusão foi que a melhor opção seria o calçado próprio para montanha. 
Quer fosse quer acabasse por não ir a Santiago eu caminho muito na Serra, umas botas decentes faziam falta de qualquer maneira, por isso, ainda na Primavera, decidi resolver essa questão.
Por acaso, tal como a maioria das miúdas, tenho algum domínio sobre a temática "calçado", mas este tipo específico confesso que me saía totalmente do radar. Como fã #1 do Google que sou, lá fui eu para os sites todos aprender características, materiais, solas, costuras, alturas do cano, etc. Resumindo, para começar, os pés das mulheres e dos homens têm características diferentes, pelo que se aconselha calçado específico para cada um. Depois, para terrenos acidentados é melhor usar botas com cano (para protecção do tornozelo), impermeáveis, com sola em Vibram (diz que é uma tecnologia que permite aderência e amortecimento espectaculares), com reforço do calcanhar por causa do peso da mochila, em Gore Tex, o material impermeável e, já agora e se possível, que não sejam medonhas de fugir. A informação e comparativos são tantos e tão prolixos que fiquei confusa e decidi ver de perto. Lá fui eu para a Decathlon, local onde não sabia eu na altura, mas uns meses depois passaria bastante do meu tempo livre. Estava eu a olhar para as prateleiras com a mesma expressão com que olhava para a tabela periódica no 9o ano, quando vi uma rapariga a caminhar toda decidida na direcção das botas, pegar num par, verificar o tamanho e sentar-se a experimentar. Descalçou a sandálias, calçou uma bota, calçou a outra bota, bateu com os pés no chão, descalçou-se, calçou de novo as sandálias e ia calmamente embora quando euzinha não resisti e a interceptei. Perguntei-lhe porque é que tinha escolhido aquelas de forma tão peremptória e ela explicou-me que era monitora de caminhadas e depois de ter experimentado muitas e gasto muito dinheiro descobriu que aquelas eram as melhores e mais duráveis, por isso desde há algum tempo só comprava aquele modelo - usava-as até se desfazerem e depois ia lá comprar outras. Explicou-me que devia comprar o tamaho acima daquele que habitualmente calço e pronto, foi assim que decidi quais seriam as minhas companheiras nesta aventura. 
Lowa Renegade

Sem comentários:

Enviar um comentário

Se também acha que, diga aqui: